Sobre o LAPA

O LAPA (Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão), muito modestamente, se propõe como um pequeno círculo de amigo(a)s e camaradas que possuem vínculos, afinidades, afetos e interesses em comum em torno do tema da auto-organização popular, talvez, como uma via possível para a emancipação de todos os subalternos e trabalhadores. Assim, é uma aposta simultânea na amizade e na revolução.

Por hora, o LAPA não se constitui como um coletivo, uma entidade ou uma organização, ainda que em potecial possa vir a ser isso ou outras coisas que nem sequer imaginamos. Como círculo, temos vínculos que nos unem para além do espaço que nos separa. Os estudos e ações que compartilharemos como círculo pode inclusive dar fôlego e alento para a formação e/ou consolidação de iniciativas coletivas e/ou individuais, nos mais distintos lugares onde nos situamos como vizinhos, estudantes, trabalhadores, etc.

A idéia de Laboratório, até agora sugerida, nasce como uma metáfora que se orienta pela dimensão experimentalista que carrega todo laboratório – e isso nos interessa particularmente, experimentar idéias e práticas, aprender e se apropriar do melhor dos processos políticos e sociais dos mais diversos movimentos de liberação que se levantaram contra todas as ordens e esquemas de dominação (inclusive os de esquerda). E mais: nosso laboratório é de bolso, se materializa e desmaterializa segundo determinadas condições ambientais e temperamentais, e talvez seremos muito mais tomados e possuídos pelas experiências do que a dissecaremos e a controlaremos, ao contrário do que ocorre com os homens-de-guarda-pó.

E se nos lançaremos a estudar e praticar a autogestão é porque ela todavia nos parece ser a melhor forma encontrada pelos dominados até hoje para que a terra, os meios de produção, o trabalho e a política (com ou sem o Estado) não se converta em monopólio e privilégio de uns poucos, e logo, instrumento de dominação, opressão e submissão de classe, casta, grupos ou camarilhas. E para isso é importante que nos alimentemos das teorias e narrativas que fundaram a autogestão como um princípio político, e que transcende, aliás, muitos projetos políticos ou ideologias (como o anarquismo e o comunismo); e ao mesmo tempo buscar compreender os caminhos e as vicissitudes das experiências de autogestão que tiveram curso, especialmente, na história moderna.



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Esporte e sociologia

O esporte é um fenomeno social que impregna profundamente a vida cotidiana do homem moderno, e desponta como meta importante dos programas governamentais, se impondo desde cedo na vida de todos. Todos atuais programas de "inclusão" através de projetos esportivos, nas esferas municipal, estadua e federal, tem uma vinculação forte com o aspecto educativo. Mas certamente não é isso que pode determinar sua caracterização como algo relevante e transformador da sociedade, visto que a educação também pode servir à reprodução da ordem hegemonica. E é justamente nas escolas públicas que o governo federal desenvolve seu carro-chefe dos projetos esportivos, o projeto segundo tempo, que entra justamente na lógica de ignorar todos problemas cronicos, materiais e teóricos, do sistima de ensino público, e coloca o esporte como atrativo principal e substitutivo da educação. O atual governo Lula/PT ampliou e aprofundou esse projeto e essa lógica em todo país.
O esporte em sendo um fato social, isto é, algo socialmente construído, existe fora das consciencias individuais, se impondo de forma imperativa na influencia de hábitos e costumes. Nesse sentido, não podemos dar a educação ou ao estudo, o caráter único de desenvolvimento crítico do ser humano, desconsiderando inclusive que o esporte exprime contradições do capitalismo, e que é na práxis que devemos trabalhar para a superação dessa lógica, tanto teórico como praticamente.
Com o advento da revolução industrial, o esporte passou por um processo de secularização e racionalização (perda de uma conexão a prióri com o divino, instituição de regras, etc) ao mesmo tempo e paradoxalmente, com um fortalecimento de sua dimensão mítica e até mesmo sacra.
Essa relação entre o esporte e a organização social de um determinado país deve ser estudado e buscado os seus significados, afim de tentarmos entender as mensagens transmitidas para a coletividade.
O (des)conhecido mercado mais do que nunca investe massisamente em educação, graças em boa parte aos insentivos de toda ordem que o governo Lula/PT faz nesse setor, e que vem salvando muitos empresários da educação.
O universo do esporte moderno parece querer confirmar a idéia de que vivemos em um mundo de números, onde a quantificação está intimamente ligada a idía de progresso.
Esse esporte moderno, reflexo de determinado contexto histórico-social, se caracteriza pela convivencia entre a tensão de dois lados que se antagonizam, expresso basicamente na tensão entre o lúdico e o rendimento.
A modernidade tras elementos para o esporte de nossa época que o diferencia do esporte de outras épocas, além de diferirem também, dentro do mesmo esporte, entre países de sociedades mais ou menos tradicionais.
Deste modo o esporte deve ser visto como um processo e, por isso não como algo absoluto. Por tanto, o universo esportivo é, independentemente de processos como a secularização e a racionalização, rico em revelações de questões profundas da coletividade; e que, por isso mesmo, estudar sociologicamente o fenomeno esportivo é dar um passo importante para uma maior compreensão da sociedde como um todo.
Em suma, não podemos desconsiderar a capacidade e a necessidade da apropriação desse conhecimento historicamente construído e socialmente modificado, muito menos a possibilidade de contribuir para a construção dessa visão crítica junto as pessoas que hoje ainda reproduzem a lógica dominante do esporte.