Sobre o LAPA

O LAPA (Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão), muito modestamente, se propõe como um pequeno círculo de amigo(a)s e camaradas que possuem vínculos, afinidades, afetos e interesses em comum em torno do tema da auto-organização popular, talvez, como uma via possível para a emancipação de todos os subalternos e trabalhadores. Assim, é uma aposta simultânea na amizade e na revolução.

Por hora, o LAPA não se constitui como um coletivo, uma entidade ou uma organização, ainda que em potecial possa vir a ser isso ou outras coisas que nem sequer imaginamos. Como círculo, temos vínculos que nos unem para além do espaço que nos separa. Os estudos e ações que compartilharemos como círculo pode inclusive dar fôlego e alento para a formação e/ou consolidação de iniciativas coletivas e/ou individuais, nos mais distintos lugares onde nos situamos como vizinhos, estudantes, trabalhadores, etc.

A idéia de Laboratório, até agora sugerida, nasce como uma metáfora que se orienta pela dimensão experimentalista que carrega todo laboratório – e isso nos interessa particularmente, experimentar idéias e práticas, aprender e se apropriar do melhor dos processos políticos e sociais dos mais diversos movimentos de liberação que se levantaram contra todas as ordens e esquemas de dominação (inclusive os de esquerda). E mais: nosso laboratório é de bolso, se materializa e desmaterializa segundo determinadas condições ambientais e temperamentais, e talvez seremos muito mais tomados e possuídos pelas experiências do que a dissecaremos e a controlaremos, ao contrário do que ocorre com os homens-de-guarda-pó.

E se nos lançaremos a estudar e praticar a autogestão é porque ela todavia nos parece ser a melhor forma encontrada pelos dominados até hoje para que a terra, os meios de produção, o trabalho e a política (com ou sem o Estado) não se converta em monopólio e privilégio de uns poucos, e logo, instrumento de dominação, opressão e submissão de classe, casta, grupos ou camarilhas. E para isso é importante que nos alimentemos das teorias e narrativas que fundaram a autogestão como um princípio político, e que transcende, aliás, muitos projetos políticos ou ideologias (como o anarquismo e o comunismo); e ao mesmo tempo buscar compreender os caminhos e as vicissitudes das experiências de autogestão que tiveram curso, especialmente, na história moderna.



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PARTICIPAÇÃO NO NOVEMBRO NEGRO USP

"Esforçamo-nos para adquirir, dentro dos limites de nossas possibilidades, esta educação integral que deve ser generalizada; estudamos os escritores que falaram dela, procuramos informar-nos sobre as novas tentativas, com maior ou menor êxito, relativa à educação particular e coletiva; muitas discussões com pensadores honestos nos ajudam a considerar o problema sob suas diversas facetas."Paul Robin

A fim de dar sequência a ess...e esforço acontecerá o Novembro Negro, evento de divulgação e debate de ideias anarquistas, dando ênfase à educação libertária. O evento acontece de 3 a 25 de Novembro e contará com debates, filmes e shows. Todas as atividades acontecerão na Faculdade de Educação da USP (campus Butantã - pegar qualquer ônibus para a USP e descer no 1º ponto da Cid. Universitária).Debates - 19h30 - Sala 124Filmes - 18h - Centro Acadêmico Professor Paulo FreireShows - 22h - você saberá onde é03/11 -

Debate 1 - Pedagogia Libertária, algumas experiênciasRaisa Guimarães -Graduanda de Pedagogia – UNIFESPO anarquismo apresenta-se principalmente como um movimento político quenasceu das classes menos favorecidas, econômica e politicamente, na Europa do séculoXVIII. E a representação máxima contra os aparelhos estatais e a Igreja visto por elescomo alienantes das massas e que por isso devem ser destruídos. Contudo paraconseguirem alcançar a revolução social com base na igualdade e liberdade, osanarquistas expressam de formar enfática numa transformação do ensino para ascrianças das classes populares, uma educação que não seja para formar mão-de-obra barata, mas uma educação revolucionária, emancipadora baseada no apoio mútuo,na co-educação de gêneros, na autogestão. Para aqueles que pensam que essas idéias eideais são apenas utopias não realizáveis, venho mostra-lhes algumas experiênciasestrangeiras e brasileiras de educação libertária.04/11 -

Filme 1 - A estratégia do caracol (1993 - Colômbia)Moradores da Casa Uribe, propriedade de Dr. Holguín, um jovem magnata, lutam contra as ameaças de desalojo. Defendendo o edifício contra juízes e policiais, planejam uma original estratégia, proposta por Dom Jacinto, um velho anarquista espanhol. A luta contra os especuladores parece estar perdida antes de começar, mas os vizinhos estão dispostos a fazer todo o possível para defender sua dignidade.09/11 -

Debate 2 - Espaços AutônomosBiblioteca Terra Livre e Ativismo ABCOs espaços autônomos se constituem desde o início do movimentoanarquista como espaços de encontro. Historicamente gruposanarcosindicalistas, centros de cultura e escolas libertárias seorganizavam no mesmo espaço físico. Na história recente do anarquismobrasileiro os espaços autônomos anarquistas tem desempenhado umimportante papel para o encontro e difusão de anarquistas.A Biblioteca Terra Livre (São Paulo) e o Coletivo Ativismo ABC (SantoAndré) trarão a experiência da vivência, da construção e manutençãodestes espaços ao longo dos últimos dez anos. Buscando debater sobre ocaráter educativo que tais iniciativas podem adquirir a partir daprática e experiência da manutenção de um local físico e permanente,de gestão e uso coletivo.10/11 -

Debate 3 - Autonomia Operária como pedagogiaPaulo V. Marques Dias - Doutorando em Estado, Sociedade e Educação pela FEUSP.Através de uma visita a teóricos heréticos dentro do marxismo, que se posicionavam contra o estatismo e a burocracia, podemos vislumbrar todo um universo teórico e conceitual muito útil às lutas sociais. No caso, trata-se da abordagem sobre a formação dos sujeitos feita dentro da perspectiva autonomista, que vai desde uma crítica da burocracia, do estado, da organização do trabalho na empresa e da estrutura hierarquica e fabril escolar, até uma crítica ampla da indústria cultural e dos lazeres programados como forma educativa do capital estabelecer seu controle social. Igualmente, esta análise não olha apenas para os mecanismos de dominação, mas considera a resistência espontânea e autônoma engendrada pelos trabalhadores dentro do processo, criando alternativas sociais de organização nova. Assim, a luta autônoma se transforma na pedagogia da geração da consciência através da luta social e no processo, dispensando formas de direção de consciência e adestramento dos indivíduos11/11 -

Filme 2 - Patagônia Rebelde (1974 - Argentina)A trama começa quando frente a situação econômica as sociedadas trabalhadoras de Puerto San Julián e Río Gallegos, afiliadas a chamada “FORA comunista”, dominada pelos anarcossindicalistas para distinguir-la da “FORA do 9º Congresso”, dominada pelos sindicalistas revolucionários, começam uma campanha de sindicalização de peões, esquiladores e outros assalariados, mas a resposta dos estancieros foi extremadamente dura: despedidos, violência, ameaças, a simples elaboração de petições por parte dos peões podia dar lugar a represalias. Esta conduta de intensificação do conflito que traria a rebelião dos trabalhadores contra os patrões e as instituições estatais.17/11 -

Debate 4 - Educação-Cultura e AnarquismoDoris Accioly - Professora da FEUSPA inseparabilidade educação-cultura na experiência anarquista, tendo como referência o movimento anarquista na Espanha e no Brasil, entre finais do século XIX e a década de 1930. O modo como os anarquistas fizeram sempre da cultura um ato pedagógico, educativo. Algumas concepções estéticas anarquistas , sublinhando sua singularidade frente a outras , inclusive relativamente ao campo político-social do que em geral se denomina esquerda.18/11 -

Filme 3 - Libertárias (1996 - Itália, Espanha e Bélgica)Em 18 de julho de 1936 o exército espanhol se rebela contra o Governo da República. Seis mulheres de origens e classes sociais diferentes se organizam em um grupo de anarquistas para lutar, de igual para igual com os homens, contra as tropas nacionais. Uma freira que descobre a solidariedade fora da fé, prostitutas, operárias, etc., unidas para defender seus ideais políticos e, ao mesmo tempo, fazer entender a seus companheiros as mudanças ideológicas e sociais pelas quais elas também almejam conquistar.23/11 -

Debate 5 - Autonomia e Conhecimento LivreBiblioteca Terra LivreA Biblioteca Terra Livre e Grupo de Estudos Educação e Anarquismopromoverão um debate sobre a experiência dos Grupos de Estudos e aimportância da Autonomia para a construção de um conhecimento livre elibertador. A intenção deste debate é compartilhar esta experiência deeducação libertária que já vem ocorrendo a um ano, na sede daBiblioteca, quinzenalmente. As leituras do grupo já passaram portextos clássicos do pensamento anarquista bem como pelas experiênciasde escolas anarquistas realizadas no Brasil e no mundo. O debate seráaberto a todos.24/11 -

Debate 6 - Pedagogia Libertária e construção da liberdade Silvio Gallo - Professor da FEUNICAMPQuando falamos em pedagogia libertária, pensamos logo em liberdade. A pedagogia libertária,sem dúvida, é uma prática de educação para a liberdade. Mas a questão é saber o que éliberdade. Não são poucos os conceitos de liberdade, mas podemos agrupá-los em duasgrandes linhas: aqueles que consideram a liberdade uma característica natural do indivíduo; eaqueles que pensam a liberdade como uma construção social, coletiva.No primeiro grupo, temos os filósofos liberais, como John Locke, Jean-Jacques Rousseau, porexemplo, que pensam a liberdade desde uma perspectiva individual. O caso de Rousseau éemblemático para a educação, uma vez que ele escreveu um tratado sobre como educar umindivíduo em liberdade, desde seu nascimento (Emílio, ou da Educação, publicado em 1762).Essa visão de liberdade está articulada com uma concepção individualista de sociedade.No outro grupo, podemos colocar filósofos anarquistas, como Pierre-Joseph Proudhon ouMikhail Bakunin, que se esforçaram por pensar a liberdade em uma outra direção, coletivistae não individualista. Eles defenderam que não faz o menor sentido pensar a liberdade comoatributo do indivíduo, pois não faz sentido dizer que alguém é livre quando vive sozinho. Sópodemos falar que somos livres quando vivemos com outros, em meio a outros e a liberdadedeles não é um impedimento para minha própria liberdade, mas sua confirmação. Em suaconcepção, a liberdade é uma coisa que se constrói coletivamente, em sociedade. Algo quenão nasce conosco, mas que precisamos aprender, conquistar e construir.Há escolas libertárias que se basearam nas ideias de Rousseau e sua proposta era a deeducar a criança partindo do princípio de que ela é livre desde que nasce. Mas outras escolaslibertárias, notadamente aquelas criadas por Paul Robin, por Sébastien Faure, por exemplo,esforçaram-se por pensar e praticar uma pedagogia que não parte da liberdade da criançacomo um dado, mas como algo que precisa ser construído. Essas escolas desenvolveram aideia de uma educação integral do indivíduo, na qual a construção da liberdade é uma espéciede aprendizado coletivo, que se faz no cotidiano das atividades na escola.25/11 -

Debate 7 - Ferrer y Guardia: Pedagogo e Anarquista - Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão (L.A.P.A.)
Francisco Ferrer y Guardia acreditava que uma proposta educativa deveria possibilitar a criticidade e criatividade dos educandos, por isso a educação não deveria estar presa a dogmas e a um Estado que pretende manter o sistema de dominação do homem pelo homem. Sendo assim, se fez necessário criar uma escola, que possibilitasse a educação integral para todas as crianças, independente de gênero, raça e classe social, pois todos os humanos devem conviver entre si como iguais, sendo capazes de como iguais, respeitar as diferenças, por isso Ferrer era contrário ao ensino ministrado pelo Estado e pela Igreja, pois o mesmo não tinha a devida preocupação com a formação do sujeito histórico critico, e sim cumpria a função social de formatar seres aptos a assumirem seus papeis previamente delimitados por sua classe social dentro do sistema social vigente.
25/11 - Show
Ordinária Hit (www.myspace.com/ordinaria)
Dischaos (www.myspace.com/dischaos)
Deturpados (www.myspace.com/deturpados)
LifeLifters (http://www.youtube.com/watch?v=DfNjyBm7SqE)
Revolta Popular (www.myspace.com/revoltapopular1500)
Invasores de Cérebros (www.myspace.com/invasoresdecerebros)
Todos os debates terão transmissão a vivo pela rádio cordel libertáriohttp://radiocordel-libertario.blogspot.com/2011/10/programacao-da-semana-0311-novembro.html?spref=fb