Sobre o LAPA

O LAPA (Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão), muito modestamente, se propõe como um pequeno círculo de amigo(a)s e camaradas que possuem vínculos, afinidades, afetos e interesses em comum em torno do tema da auto-organização popular, talvez, como uma via possível para a emancipação de todos os subalternos e trabalhadores. Assim, é uma aposta simultânea na amizade e na revolução.

Por hora, o LAPA não se constitui como um coletivo, uma entidade ou uma organização, ainda que em potecial possa vir a ser isso ou outras coisas que nem sequer imaginamos. Como círculo, temos vínculos que nos unem para além do espaço que nos separa. Os estudos e ações que compartilharemos como círculo pode inclusive dar fôlego e alento para a formação e/ou consolidação de iniciativas coletivas e/ou individuais, nos mais distintos lugares onde nos situamos como vizinhos, estudantes, trabalhadores, etc.

A idéia de Laboratório, até agora sugerida, nasce como uma metáfora que se orienta pela dimensão experimentalista que carrega todo laboratório – e isso nos interessa particularmente, experimentar idéias e práticas, aprender e se apropriar do melhor dos processos políticos e sociais dos mais diversos movimentos de liberação que se levantaram contra todas as ordens e esquemas de dominação (inclusive os de esquerda). E mais: nosso laboratório é de bolso, se materializa e desmaterializa segundo determinadas condições ambientais e temperamentais, e talvez seremos muito mais tomados e possuídos pelas experiências do que a dissecaremos e a controlaremos, ao contrário do que ocorre com os homens-de-guarda-pó.

E se nos lançaremos a estudar e praticar a autogestão é porque ela todavia nos parece ser a melhor forma encontrada pelos dominados até hoje para que a terra, os meios de produção, o trabalho e a política (com ou sem o Estado) não se converta em monopólio e privilégio de uns poucos, e logo, instrumento de dominação, opressão e submissão de classe, casta, grupos ou camarilhas. E para isso é importante que nos alimentemos das teorias e narrativas que fundaram a autogestão como um princípio político, e que transcende, aliás, muitos projetos políticos ou ideologias (como o anarquismo e o comunismo); e ao mesmo tempo buscar compreender os caminhos e as vicissitudes das experiências de autogestão que tiveram curso, especialmente, na história moderna.



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Reflexão LAPIANA sobre o ‘’curral’’ formado em Uberlândia, denominado Seminário Nacional de Educação

Entre os dias 9 e 11 de Outubro, ocorreu o seminário nacional de educação no qual, ao contrario do que foi falsamente alardeado por diversos movimentos, contou com no máximo uns 250 estudantes (levando em consideração que o fato de estar matriculado em uma instituição de ensino já o torna estudante e não o fato de se identificar com tal setor). Considerando que para um fórum de nível nacional de reorganização da pseudo-esquerda brasileira, esperava-se alcançar a media de pelo menos 400 estudantes. Talvez tal esvaziamento se deu devido a como se deu o processo tanto de construção tanto de divulgação nas universidades que provavelmente em muitas delas não deve ter sido muito diferente de como foi na UNIRIO.

Em nossa universidade, a divulgação de tal fórum foi mínima, impossibilitando a ampla participação dos estudantes, inclusive os que atuam no movimento estudantil da mesma, dessa forma teve-se um monopólio sobre os passageiros, inclusive, segundo relatos, uma pessoa que estava interessada em ir, por fazer parte de um grupo opositor ao do grupo que se responsabilizou sobre o processo do ônibus, foi impossibilitada de ir, enquanto pessoas (que compõe o mesmo coletivo do grupo responsável pelo ônibus) de outras universidades tiveram suas vagas garantidas, o que não é problema, pois nos devemos nos apoiar, porém garantir vaga a esses estudantes enquanto uma colega da própria universidade foi deixada de fora, é no mínimo incoerente.

Sobre o andamento do Fórum, tivemos o entendimento que mais uma vez o debate de reorganização foi jogado para segundo plano, privilegiando uma unidade rebaixada, muito previsível já que a própria convocatória em sua parte final, já demonstrava como um ''spoiler'' de que o que sairia dali não seria algo mais avançado que calendário e material. Por causa desses tipos de acontecimentos que preferimos boicotar alguns espaços, buscando observar de fora como se dariam as praticas dos que estavam ali presentes e entendendo que o contato com a cultura local seria muito mais proveitoso para nossa formação pessoal.

Os espaços de decisões do Fórum se deram por consensos sem a crítica franca, por causa do temor daqueles setores que queriam esse tipo de unidade, não queriam que acontecesse em qualquer momento a reprodução as práticas que vimos no CONCLAT e CNE, então temos velhas formulas falidas que não polarizam com os ataques do governo Lula/PT, vemos a necessidade de refletirmos sobre o fato de que não haverá superação da luta de classes se não superarmos a guerra de egos.

Com o debate sendo deixado em segundo plano, mostrando inclusive total falta de preocupação dos grupelhos ali presentes com a questão da fundamentação política para os militantes de base, acabou que diversas mesas não foram garantidas em detrimento da necessidade de tempo para que os grupinhos ou coletivos (como preferir chamar) pudessem juntar seus respectivos “gados” para lhes impor sem reflexão nenhuma seus posicionamentos, e dessa forma inflar seus próprios coletivos.

Observamos práticas de estudantes de base serem levados sem que se tivesse o mínimo de fundamentação da discussão política sobre o que deveria significar tal fórum, vemos assim como um parasitismo de alguns setores do ME, na disputa de migalhas de estudantes, na maior preocupação de realizar reuniões de seus coletivos do que na superação das divergências. Será que não é esse tipo de comportamento que gerou o Refluxo no ME? Fica a reflexão. Gostaríamos de salientar que tal pratica não é culpa do estudante de base que ta ali na tentativa de construir e de conhecer, e justamente devido a sua boa vontade, são enganados pelos militantes que chegam numa postura “coleguista” e cooptados sem terem acesso a uma discussão mais ampla sobre praticas organizacionais, ou seja, vemos a reprodução de praticas alienativas por parte dos que se dizem revolucionários.

Queremos deixar claro que nosso boicote dos espaços ali propostos e outros manobrados para que ocorressem por acharmos mais válidos e relevantes para nossa existência conhecermos a cidade de Uberlândia (suas feiras, parques, botecos, pessoas, comunidades, etc) do que participar de plenárias fictícias, onde as direções decidiam as 13 da tarde aquilo que teriam consenso e aquilo que não teriam, mostrando uma total falta de coragem de expor divergências programáticas.

Aqueles bravos companheiros que queriam expor seu descontentamento com ocorrido nos espaços tiveram sua voz dificultada pelas direções, será que é esse tipo de democracia que teremos em uma sociedade superior a essa? Creio que não, no meu entendimento a opressão do consenso se assemelha com as piores ditaduras, toda discussão e desnaturalização dos processos vigentes se faz necessário.

É muito importante situar que a luta contra o governo Lula/PT não pode se dar de qualquer forma, é preciso fazer a caracterização que se governou a serviço dos banqueiros e capitulando os movimentos (CUT, MST e UNE), nesta eleição vimos que todo o processo foi financiado pela grande burguesia e mesmo assim vemos membros e correntes do PSOL declarando apoio a candidata Dilma Rousseff, o que nos leva a questionar se realmente estão pautados na luta da classe trabalhadora.

Por isso, é de grande importância termos o entendimento que uma prática opressora com os diversos trabalhadores que ali presentes (Seguranças, Cozinheiros, Motoristas) compactua com a opressão que a classe dominante já propaga. Por isso que repudiamos esse tipo de atitude por acharmos que isso não é uma atitude de quem se reivindica comunista (Libertário, Leninista, Trotkista, etc.).

Fechamos nosso balanço salientando a necessidade de buscarmos novas estruturas organizacionais para a construção do movimento estudantil de forma geral, visto que se torna cada vez mais evidente a falência do movimento tal como é hoje, até mesmo porque a atual estrutura esta fadada a cair num total aparelhismo por parte dos partidos e movimentos totalitárias, que se utilizam dos aparatos das entidades estudantis para se infiltrar no meio universitário, deixando a demanda dos estudantes em segundo plano em detrimento da imposição de seus programas.

''Só ha duas opções nesta vida: Se Resignar ou se indignar. E eu não vou me Resignar Nunca''

Darcy Ribeiro

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