Sobre o LAPA

O LAPA (Laboratório de Estudos e Práticas da Autogestão), muito modestamente, se propõe como um pequeno círculo de amigo(a)s e camaradas que possuem vínculos, afinidades, afetos e interesses em comum em torno do tema da auto-organização popular, talvez, como uma via possível para a emancipação de todos os subalternos e trabalhadores. Assim, é uma aposta simultânea na amizade e na revolução.

Por hora, o LAPA não se constitui como um coletivo, uma entidade ou uma organização, ainda que em potecial possa vir a ser isso ou outras coisas que nem sequer imaginamos. Como círculo, temos vínculos que nos unem para além do espaço que nos separa. Os estudos e ações que compartilharemos como círculo pode inclusive dar fôlego e alento para a formação e/ou consolidação de iniciativas coletivas e/ou individuais, nos mais distintos lugares onde nos situamos como vizinhos, estudantes, trabalhadores, etc.

A idéia de Laboratório, até agora sugerida, nasce como uma metáfora que se orienta pela dimensão experimentalista que carrega todo laboratório – e isso nos interessa particularmente, experimentar idéias e práticas, aprender e se apropriar do melhor dos processos políticos e sociais dos mais diversos movimentos de liberação que se levantaram contra todas as ordens e esquemas de dominação (inclusive os de esquerda). E mais: nosso laboratório é de bolso, se materializa e desmaterializa segundo determinadas condições ambientais e temperamentais, e talvez seremos muito mais tomados e possuídos pelas experiências do que a dissecaremos e a controlaremos, ao contrário do que ocorre com os homens-de-guarda-pó.

E se nos lançaremos a estudar e praticar a autogestão é porque ela todavia nos parece ser a melhor forma encontrada pelos dominados até hoje para que a terra, os meios de produção, o trabalho e a política (com ou sem o Estado) não se converta em monopólio e privilégio de uns poucos, e logo, instrumento de dominação, opressão e submissão de classe, casta, grupos ou camarilhas. E para isso é importante que nos alimentemos das teorias e narrativas que fundaram a autogestão como um princípio político, e que transcende, aliás, muitos projetos políticos ou ideologias (como o anarquismo e o comunismo); e ao mesmo tempo buscar compreender os caminhos e as vicissitudes das experiências de autogestão que tiveram curso, especialmente, na história moderna.



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando o café acaba...

Podemos passar o dia todo confinados voluntariamente em meio a milhares de livros, num dia cinza e chuvoso, ouvindo cooll jazz ou até um charme; ler, estudar, ver os amigos que estão ao seu lado fazer suas coisas.
O cuidado minuncioso do Cláudio com os livros, o seu swing ao dançar uma música que lhe apetece.
Ver o súbito interesse do Fábio pela região sul do país e toda sua dedicação em fazer seu trabalho acontecer e assim a vida caminhar mais sossegada.
Fazer uma macarronada para todos, mesmo sob a suspeita do Cláudio, que depois deu muitas garfadas dela.
Ver a Fernanda chegar na porta da cozinha e perguntar se tem café.
Assistir ao Fábio resgatando as chícaras do Cláudio "perdidas" entre uma casa e outra.
Ver o fluminense empatar de maneira sofrível.
Conversar sobre a vida e a não vida.
Ouvir a chuva chover forte... ouvi-la parar e retornar mais tarde.
Botar o mesmo cd pra tocar de novo.
Fazer um lanchinho da mamãe como na infância; rir até o ar faltar aos pulmões.
Pensar e não pensar ao observar e sentir esse espaço tão acolhedor.
Mas tudo isso teria um gosto a menos se não tivesse o café.
A garrafa de café é o ponto onde todas as mãos convergem e o líquido preto e quente que dela derrama é símbolo do vigor que, ao menos momentaneamente, une entrépidos pecadores na dura tarefa de vencer a si mesmos.
Mas quando a noite ou a fria madrugada vem, e na garrafa já não há uma gota disso que nos liga, um vazio interior e uma solidão seca toma conta de tudo.
Nessa hora percebemos que só há uma atitude a tomar: fazer uma nova garrafa de café fresco até que o café acabe de novo.

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